sábado, 28 de junho de 2014

Fulgaz

Quando eu ouvi a Mirtes dizer que amor, que amor tem que esta presente, eu respondi dizendo que a Mirtes não podia falar de amor, porque na verdade ela nunca soube o que era. Amor, Mirtes é quando a gente se sente bem por dentro, por fora, e acredita que as forças criadoras conspiram ao nosso favor. A Mirtes riu. Aí me deu uma vontade de pular em cima da Mirtes. Nunca foi amada, o pai nunca conheceu, a mãe muito menos, não trabalha, e só sabe falar da Dona Giovana, a vizinha que ficou viuva a poucos anos. Essa velha deveria é morrer logo, só assim ela ia ficar com o amor dela. De baixo da terra, e soltou o riso. Mirtes, Mirtes, olha o que tu falas. Desgraçada. Feia e sem um pingo de formosura.
Dia  desses eu encontrei a Mirtes sorridente como nunca havia visto. E depois, mais duas ou três vezes. Sorridente e cheirosa, batom suave nos lábios. A Mirtes desapareceu, assim do nada, sorrindo, e nunca mais voltou. Eu tenho boas lembranças desses sorrisos. E também da Mirtes ranzinza e debochada. Mas ela se foi. Oh Mirtes, como tu estavas cheirosa aqueles dias, e linda. É, acho que a Mirtes esta amando. E amor é uma coisa tão boa pra gente. Eu queria conversar com a Mirtes. Mas ela, nem sei mais. É, a Mirtes esta amando mesmo.

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