quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Luz de led

Chuva no quintal
despendo as roupas do varal de ferro
como não fazia há anos

agua sobre o corpo úmido
pulverizando os pêlos e o sexo
em terras amazônicas

Céu cinza de
tempestivo gozo
neste chão que alguém dançou

Penacho para ornamentar
dias de festa
aves que aqui ainda se escondem
em épocas de água

quatro ararinhas brincam no céu
depois da chuva
AMANACI
sorri feliz os dias de água

depois o rosado
brilhando entre as nuvens
como fogo que acabará de apagar
céu de brasa no quintal de minha casa

telhas velhas por sobre o abrigo antigo
o matagal insistindo ao sol
e uma mulher velha de cabelos brancos
prestes a parir ao entardecer

minha mãe
meu primeiro berço
meu ventre
as aguas me dizem
tudo há de serenar

bioma renascido por entre as raízes.




led tupy!

Reconhecimento forte.
Olho no Olho.
Me vê em tantos rostos que aqui habitam.
Cara de mestiço, de cigano, de gente livre de outros tempos.
Ancestralidade Cabocla.
CAA BOC.
Antigos Tupinambás que resistem contra a pele branca, no meu  sangue e rosto. TUPY VIVE! GUAMIABA TAMBÉM!
E não foi a toa que eles, os mesmos Caboclos e Tapuias de eras longiquas me chamaram mais uma vez para estas terras. Sangrada de vermelho e vida. das riquezas de um chão de mortos guerreiros. TUPINAMBA RESISTE! CABELO DE VELHA EXISTE!
Cocás de aves benfazejas por sobre as cabeças de Tuxauás e Pajés! CACIQUE VIVE! GUAMIABA TAMBÉM!
Jurema treme terra no chão de Sete Penas.
O todo poderoso do Norte!
A estrela mais brilhante dos céus equatoriais.
E imagino chão lodoso, terra batida, casa de palha e madeira nativa. Gente habitando por sobre as águas e canoas. Uma grande maloca para se abrigar das chuvas que brotam do céu o ano todo, multiplicando tajás,
TAPAJÓS, XINGU, NHAMUNDÁ, MANACAPURU, UATUMÃ,JURUÁ,MAICURU, JURUENA
Tantos nomes que persistem na espreita do tempo
insistidamente contra ataques neo-colonialistas em terras Tupinambás.
O pitiú, o peixe, o açai com farinha. O tipiti que espreme o tucupi cheiroso para temperar comidas.
TUPY VIVE! GUAMIABA TAMBÉM!
Dos leitos do rio Guamá, a floresta que do outro lado vê silenciosa e nos contam em segredo. nuvem que serpenteia as 01:00 da matina feito cobra criada no céu. Um rio invertido nas alturas, onde se navega até o trombetas, e para além, unificando a grande pátria panamazonica, panamericana. E me recordo Cempasuchil. Viva la tierra de los coyotes! TUPY VIVE! GUAMIABA TAMBÉM!
remando em pequenas embarcações sobre as aguas turvas e barrentas. Baía do Guajará dança em frente ao luar. Terra inundada no corpo de cunhã poranga.
VARZEA TACITURNA E VIVA. Raizes e cipós exalando o odor de Tauaris cheirosos. Rios que lembram a bravura e serenidade das antigas tribos que aqui viviam felizes e cheias de fartura. Todas as historias que não deixam a grande nação desaparecer. Toda matéria, todo alimento, pulsante dentro e fora do corpo.
Não nos podem esconder o que lateja memória. Minha gente. parentes nas ruas que agora asfaltadas, encobrem cemiérios remotos.
TUPY VIVE! gUAMIABA TAMBÉM!
Eu que outrora fui tantos bichos, plantas e pedras. Pouso manso na beira de um igarapé.
Eu disfarçado com pele de gente, desde o nascimento neste mundo. Bicho criança, Bicho de pé, Bicho homem. ARARAPIRANGA encantada de mulher para pisar solos humanos. Reinventando existencias. TODA MULTIPLA MATERIA QUE CO-HABITA DESDE OS PRIMORDIOS DA TERRA. Amazonia Viva! Curandeiro de mim. CARUANAS invisiveis em território sempre livre. TUPY VIVE! GUAMIABA TAMBÉM!
A cidade é um vasto imaginario. As embarcações vindas das ilhas, os brinquedos de miriti, oléo de copaíba para desfazer dores. aguas de cheiro e banhos para espantar mal olhados. Um circulo desenhado recordando grafismo amazonicos. Marajó- a grande cidade. Caninana vagueando os rios encharcados. A grande Cobra mordendo o rabo. VIVA TUPY! GUAMIABA VIVE! SALVE O POVO TUPINAMBÁ! O POVO ANTIGO DA FLORESTA!

A CIDADE É IMAGINARIO.


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Luzes no meio de uma noite escura

I

misseis sob a cidade
enluarada

cidade incendiada
pelas bombas vindas
de algum país imperialista

o sol chapando
os onibus ao pico
mais quente do ano

do lado de fora
não ha gastos
apenas o cigarro quente
ao meio dia

saudades de tantas coisas
de quando o mundo
falou de liberdade

andarilhos atravessando
fronteiras, as ruas ocupadas
de musica e fé

dias melhores
o agora se fazendo presente
o futuro acontecendo hoje

II

eles falam palavras
de agouro e agonia
o terror para compor cabeças

a minha imaginação
poderosa contra as mazelas
do mundo.

O medo, o terror
a mentira, disseminados
 como um Virus letal.

os mortos fuzilados
nas esquinas
zumbis implorando por vida
nos shopping centers

lá fora a floresta
unica especie viva de arvore
do mundo. Centenaria.

te vigiam e depois
uma invenção de
felicidade feita de cartões e
superfaturamento

Apenas uma casa
um barco ancorado
em alguma ilha

teu corpo, tua casa
e um repouso contra
as guerras

III

mas tu tens sangue raro
valentia de outros tempos
avatar de eras imemoriais

te pensas pequeno,
em meio aos escombros
e uma voz que nunca cessa.

retratos que incomodam
a sala de visitas
e os bons costumes

boca, punhos e rosto
pintados de vermelho
sempre há sangue

vida que insiste
nas fotografias estampadas
dos esquecidos que gritam

IV

valentes, inocentes
nunca morrem
rica ancestralidade

o corpo suado
sob a rede, odor de
agua de cheiro para imitar banhos

a gente dividindo o mesmo espaço
cama no chão, lençol
e depois nunca mais

um ensopado de carne
os vinte sentados
face a face nunca vista

há marcas e cicatrizes
no olhar. rosto de todos
Fúria, brasa mora.
Aproximo de fogo

V

nossas caras as mesmas
desde as grandes epidemias que
assolaram a humanidade

a gente segurando
forte, mãos sobre mão
resistindo
as piores tragedias do capitalismo

lucidos contra as artimanhas
da corrupção e deslealdade
dos grandes navegadores

Vigas sustentadas
como em antigas batalhas
pelejadas contra o nosso corpo firme

me beijas, teu olho
de fogo e desejo
abraçados olhamos as estrelas

VI

o mundo antes de nós
acima de nossas cabeças
iluminado, apenas o amor.

Lua secreta
guardiã de antigos ensinamentos
a cidade quente e as luzes sob a água.

Aviões, tanque
uma guerra silenciosa e
mesquinha contra a vida.

uma falsa fantasia
de que eles sabem oque é melhor
a miséria alimentando os ricos

me beijas, não há medo
e velhos paradigmas. Meu corpo
terra de amores e lutas.

nós abraçamos entre
os gases tóxicos. juntos
somos inbaláveis.




terça-feira, 15 de novembro de 2016

gambiarra

O céu do por do sol
de uma cidade amazonica
roxo, magenta, cor de fogo
pupila rosea no meio do céu
homem  saindo d'agua
olho de boto,cor de jambo
encarnado

O céu do por do sol
de uma cidade amazonica
me fita misteriosa por sobre
as matas verde clarissimas
escura querendo anoitecer
umida de rios e passaros
silenciosa

O céu do por do sol
de uma cidade amazônica
viadutos cortando a paisagem
pontes de concreto e abaixo
igapós, rios de esgotos
garças brancas em lamacais
lodoso

O céu do por do sol
de uma cidade amazônica
casca de tucumã
pupunha cozida as 5 da tarde
uma bandeira vermelha
tupinambá uma unica estrela
solitária

E então mergulha no bronze
ao fundo te banhas
e adormeces
lava, pedra dura
centro da terra
planetas em torno
teu coração pedaço de estrela

e anoitece quando me chamam
à porta, cintilancia estendida na mesa
Seda, cristal,cometa, feixe luminoso
papel de parede e palavras eróticas
te aproximas vestida de azul
indigo negro petroleo dos confins da terra

O céu sob o luar
de uma cidade amazônica
o dorso escuro de algum animal
do fundo dos rios manchado
arraias, poraquês jacarés-açus
circulo prateado refletido n'agua
Ùnico

o céu sob o luar
de uma cidade amazônica
os imensos arranhas céus
derrubando arvores centenarias
templo dos antigos povos
Samaumas, Seringueiras,Tauaris
Olvidado

o céu sob o luar
de uma cidade amazônica
uma imensa cobra sucuri observa
a briga entre canina e honorato
e te lembras da tua ancestralidade
filho de tapuias e cobra, Guamá
Circundando

o céu sob o luar
de uma cidade amazônica
banhos de rios, igarapés ao relento
a bica no quintal de casa, plantas
cheiro cheiroso depois do banho
para afastar panema e carapanãs
Abrigo.

E te aconchegas feito fogo
invadindo lugares fecundos
minha cama de palha no chão
uma rede esticada lembrando
o banzeiro nas embarcações
vindos do Acara trazendo
peixe e farinha

Os bichos falam dentro da mata
me abraças ao som da maré
e lá fora as crianças ainda brincam
a fogueira quente, fagulhas no ar
adormecemos mundiados
a cidade silencia entre as folhagens
Suspiro suado junto ao teu corpo quente.
Amanhã é outro dia.