segunda-feira, 13 de outubro de 2014

220 watts

Os amores
essa vontade de se fazer contra
A MORTE
 a morte
Essa vizinha circundante e súbita, atenta e impetuosa.
Dia desses eu fui a um enterro...lugar lindo, passarinhos e o observar das arvores
As gentes todas chorando num pesar. Que tristeza estar sozinho. A gente precisa de tempo. Para tudo...e a criação do mundo se refaz. Os nossos olhos brilhando gritando a vida. É preciso. E preciso. Eu olhei pra eles assim e um calar as bocas. O sol se pondo numa tarde desconexa e verossímil. Os caminhões parados e os gritos nas ruas. Um menino morto. Tantos meninos mortos, eu  conheci um bocado deles...uma flor desabrochada. O tempo. E a gente envelhecendo no solo do quintal, brincando de viver.
Agora na minha cabeça só lateja o presente. Um bocado de vinho, os montes de cigarros e os companheiros desse número da avenida. Eu devia ter dado mais, as orações a noite, os papai do céu obrigado por tudo. A cruz no corpo, o meu cadáver sendo preparado para o sábado de aleluia. Ele não sabe que seu dia é hoje. Um pingo. Coisa. Um ponto brilhante em meio o infinito. Meus amores multiplicados no azul do céu. É dia de estrelas. Viva aos Santos Reis. Minha coroa no topo da cabeça. Iluminando escuridões. Eu te amo Eu te amo Eu te amo. O telefone chama tum tum tum, eu preciso falar contigo. Me ame outra vez.
Aqui da casa de Henriqueta as gatas gritam no cio todas as noites. Elas estão enlouquecidas. Pulam telhado. Se esconde em boeiros. E mordem com seus caninos afiado e finos. Henriqueta diz que ela esta assim como um gata. Eu digo pra ela : Henriquete tu te orienta. Ai ela me diz que é tudo com proteção e tal e muito carinho. Nem uns dentinhos na carne, nem uns tapinhas na cara. Ela diz égua maninho também não sou de metal né? Sou bicho. Sou animal. Sou uma tigresa. AH... Henriqueta   ainda bem que tu sabes...ainda bem que nós sabemos. Ainda bem que a gente tem consciência disso. Ah papaizinho , isso é cintilância me respondeu Henriqueta. Garota esperta. Só o filé!
Acendi um fino. Ah! Um fino. Fervilhando, eu tenho que escrever. Eu tenho que escrever. Comunicação. Contato. Eu preciso dizer. E tu precisas escutar. Sabe quem eu sou? Sabe quem? Meu fino apagou, acendi pra mim? Preciso tomar mais vinho. Agora a cabeça ficou quente!!!! Contatos , contatos. Cuidado. Cuidado . Onipresença. Onisciência. E tu. Não te apegues em nada. Células informacionais em todo o universo. Tu tua pequena história. Tua breve vinda. Vida. Espera.  Espera . Espera. Medita!

Agora eu preciso de uma foda bem rápida. Tranquila. Um amorzinho de pica que entre e sai dos orifícios. Um amor de putinha de vale nada da esquina e que doa todo o amor inocente que carrega consigo. Uma putinha dos operários, dos vagabundos dos becos da cidade, que precisam jorrar suas porras nas caras de tantas ninfetinhas de pinto. Fazer engolir. E ter aquele desejo de usar uma putinha como objeto. Abre as pernas . Chupa pica. Engole . Puta safadinha minha putinha. Meu putinho. AH....AH.....AH... HOJE EU FUI MUITO FELIZ!!!
Eu Não sei o porque se tem ganhado tanto dinheiro com as mídias de pornografia. Eu realmente queria entender. Porque eu vejo um monte de gente fudendo entre si e não tenho pagado nada por isso. Bobinho. Pelo menos não vejo ninguém enriquecendo. Aliás as vezes esse negócio de bareback hadcore é  de doer o pinto e o cú. Fica tudo assado. Tudo dolorido. E me dizem que esse tipo de negócio realmente dá dinheiro. Vou começar a filmar sexo e vê se isso rende alguma coisa.
Esses dias todos eu fiquei entocado dentro de casa , parecendo um gato velho, esperando a noite chegar para sair à rua. Foi o que fiz, e a lua estava linda e radiante no céu. O vento na minha cara o mundo é só meu. Eu estudando sobre Osho, aquele cara barbudo que fala sobre meditação, vida e morte, e realmente  tenho pensado em suas  colocações pertinentes sobre a existência. Viva a vida tão totalmente, tão intensamente. Seja tão flamejante com ela, que quando a morte vier, não existirá queixas, não existirá rancor. Você está absolutamente pronto, pois viveu a vida tão totalmente. Você conheceu todos os seus mistérios. A MORTE VIRÁ EXATAMENTE NO TEMPO CERTO.
Então eu pensei, eu preciso administrar minha vida, eu preciso deixar a coroa brilhar, eu preciso realmente me organizar, e materializar as coisas que estão no plano das ideias. Eu comecei a escrever um monte de coisa...e em mim ressoava um vento forte...um trem anunciando...eu não posso perder...não, não quero uma outra estação. A vida não é algo que você possa seguir perdendo. Eu decidi colocar um cocar de ARARAPIRANGA na cabeça. Hoje é dia de fogueira e sangue. A vida. A vida não é miserável.
Eu tenho me sentido pronto, mas realmente eu preciso definir algumas coisas. Bebida e cigarro, e percebo manifestações de outra realidade bem próximas ao meu ouvido. Certa noite eu tive a sensação de estar rodeado de gente de outro mundo. Não tive medo. Eles não me querem mal. Um deles me orientava esteja aberto suficientemente para usar a oportunidade de se transformar em algo imortal- ARARAPIRANGA. Eterno. Alguma experiência a qual deixará, além do alcance da morte. Me recordei das tantas escrituras. Signos. Imagens. O livro egípcio dos mortos. Caminhos de luz e ouro. Compreendendo o meu hexagrama.
Deus precisa ser rememorado. Faça a festa. Acenda uma vela. Deus precisa ser rememorado. E ontem passando pela avenida dois putos me param oferecendo cocaína eu disse que não estava afim. Olhos de demônios. Eu os conheço bem. Me ofereceram craque, queres fumar um na lata comigo? Eu conheço bem tudo isso, e depois um gole de cachaça, quarenta cigarros na madrugada e vinte picas entrando no orifício. Minha cabeça latejou, eu os conheço de outras vidas, e não tenho medo nem repugnância. Esse mundo precisa existir, eu preciso equilibra-lo. E o não manifesto me disse pegue o trem...é hora de voltar pra casa. Você precisa simplesmente estar um pouco mais consciente. Mas não é fácil. Harmonize-se. Não é fácil. Teus pontos cardeais do corpo estão abertos, esse é o momento. É hora de voltar pra casa.
Primeiro comece lentamente. Passo a passo. A vida é uma oportunidade. A viagem, a flor se abrindo, a bala perdida caindo em cima do meu corpo, as minhas coisas espalhadas por tantas casas, eu dormindo aqui e ali. Comendo o arroz com farinha, aproveitando as raspas na panela. A vida é linda, e generosa. Esse é o tempo de retribuir. Vou pro quintal olho o céu, o sol está lindo. Agradeço os passarinhos, aguo as plantas e deixo as formigas caminharem no meu corpo. Está tudo lindo.
Me afasto de algumas gentes, e percebo que a vida é um ciclo de mudanças e repetições. Eu um monte de água querendo fluir no córrego. O peixe que desce e sobe. Eu não estou  perdido, eu não estou sozinho. E esse amor aqui dentro do peito. Minha casa ficando arejada. Eu prefiro a penumbra, mas nem por isso ela deixa de estar repleta de alegria e refinamento Existe um amor aqui dentro, debaixo dos tapetes. Nas esquinas do banheiro, no incenso pegando fogo. Nessa solitude. Tudo é tanto amor. Relva, o capim grosso crescendo em frente as janelas. O feijão cozinhando com um pedaço de mocotó alho e óleo. As jabuticabeiras mostrando os filhotes. Os meus olhos de menino ainda brilhando. E brilhará ainda em meio a toda essa confusão de gentes e planetas. Porque tudo é readequação, alinhamento, caos e cosmo. Os meus olhinhos de menino, meu coração compassado na historia do tempo. Eu mito rito amor, e nada mais abala, nem mesmo a morte porque eu também sou ela.
Uma amiga me ligou, me perguntando se eu estava bem. É claro, depois de tudo que me aconteceu, e olha que o ano ainda nem terminou. Mas não tem o que ter medo. Of Course. Sabe eu estou indo para um lugar sagrado, dançar e cantar em cima dos túmulos. Todos aqueles antepassados, tantas lutas, projetos, desejos de ser melhor. De fazer um país mais digno, de ter acessibilidade as coisas. E tanta gente alienada, pessoas que não sabem nada sobre si. Pessoas que não sabem que a vida é um fazer politico e poético. Me visto de ARARAPIRANGA. É preciso estar atento e forte. Fazer a marcha, fazer o mundo ouvir. Ai vem um monte de gente dizendo que o Brasil está uma merda, um bando de facista que rouba o povo e se diz revolucionário. Gente querendo tirar a presidenta do país. Gente burra mesquinha. E vejo tantas conquistas, o pobre tem de um tudo. Eu sou o pobre que tem computador em casa o celular moderno, e que vou fazer a quarta viagem internacional. É preciso intercambiar. O mundo é um moinho e navegar é preciso. O Haroldo se formando em Direito, e a Marta está mais bonita agora depois que conseguiu a casa própria, ela diz todos os dias que nunca mais sentirá fome outra vez. Eu fico rindo da Marta, porque me lembro da Scarlett Ohara comendo as batatas da terra. E é realmente um momento de avanços de inserção no mundo. De mostrar a cara do meu país. Isso aqui sou eu. Umas mangas caindo das árvores, a chuva forte inundando as ruas da minha cidade, eu tomando o açaí com peixe no mercado. E tem gente achando ruim a comida na mesa. A possibilidade de falar outro idioma. Navegar é preciso. O meu país está tinindo. Tilintando. O meu corpo pulsa. ARARAPIRANGA.

Esse programa é o meu favorito, liga o rádio, escuta. Imagina. A tua historia secreta. Uma trilha no fundo e tu narrando as tuas paisagens. Uma lâmpada de luz incandescente brilhando forte e perdendo a energia. Esta caindo a energia toda hora. Desliga esse chuveiro quente então. A mulher morreu eletrocutada no banheiro no momento do banho. Ela escutava esse programa, 93,7. 93,7.93,7. E não sei porque mais aquela vontade de comer umas batatas com azeite. O oraculo havia me dito para ter cuidado com a boca. Como que intuitivamente estou a sete dias sem me alimentar direito. Um pão, muito água. Ontem  um suco de cupuaçu. Uma farinha com agua. Eu rememorando tapuios e macuxis. Tamoios e Tupinambás comendo com a mão em um passado que agora eu imagino. O programa continua. Eu um dia serei um contador de histórias. E as pessoas vão encontrar nas cidades as palavras da minha eternidade. ELE NÃO SABE QUE SEU DIA É HOJE. ARARAPIRANGA. Cocar na cabeça. Esse é um belo programa. Essa é uma bela historia para as posteridades. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NATUREZA

As pessoas aparecem em nossas vidas
e desaparecem misteriosamente...
Eu me perguntei diversas vezes o porque de tudo isso
acordar, lavar os pratos na pia, calçar os tênis escovar os dentes
e de repente o Vicente não esta deitado ao meu lado na cama
o Italo cresceu e já tem pêlos no rosto
a flor desabrochou depois de tantos anos.

Outro dia eu recebi um telefonema da Licia. Iria fazer uma mudança para Israel, e lá iria morar os próximos quatro anos. Eu fiquei feliz, A Licia na terra do menino Jesus. Mas se eu não a visse nunca mais?

Eu aqui tão distante, e a Licia lá... e já fazem dez anos que não tenho noticias dela. E a sensção que eu tenho é de que ela é apenas memória. Um tempo perdido no passado. Alguém que parece ter vindo de um sonho. O meu sono profundo, e agora nada mais.

Aconteceu também diversos casos semelhantes a estes no decorrer da minha vida. Eu me lembro do Bruno, do Gilmar, da Tâmara com suas botas mecânicas, e as tardes de sol em meio ao gramado embaixo do pé de jamelão do quintal da escola.
Da dona Doida que brigava com as gentes atravessando a rua por nada. E do seu Ary que vendia pão na quitanda ao lado da vila em que meus avós moravam.

Em um dia eles estavam todos lá, olhando as paisagens, falando dos amigos e planejando seus sonhos mais prodigiosos para um futuro lindo a acontecer.
E de repente as folhas das arvores começam a cair. O dente do Levi cresce na boca, e os mamilos de Lucinda ficam mais proeminentes feito duas pêras bem maduras, prontas para morder.

O vovô morre depois da tigela de açai, e quando retorno a casa dele, nem mesmo o seu maço de cigarro vagabundo eu encontro na comôda do quarto. E dias se passam até o cheiro desaparecer.

Assim da noite para o dia, na solidão da madrugada, no silencio da paisagem tudo acaba, e é como uma viagem sem volta.
Os dias jogado na rua procurando dar algum sentido a vida. A vida pulsando, cheio de sexo , saliva e suor.
A masturbação de todas as noites impelindo os nocautes de todos os dias  de uma morte lenta. O semên espirrado nas entranhas de uma fêmea lutando pela vida.  O sangue latejando na veia.
E tantos amores que passaram pelos meus olhares me impedindo de morrer mais uma vez.

Pra que tudo isso, as filas de banco, os horários dos ônibus
e o filé especial ao molho de manjericão nas tarde de domingo, se Edgar não poderá mais confraternizar conosco os baseados e as dezenas de taças de vinho e cerveja nas festas da casa de Marta.

E tudo vai ficando mais estranho, e também mais sombrio, As paredes umidecidas da casa. O sol latejando na cabeça, e o passo cansado até chegar no trabalho.

Eu sinto um aperto doloroso, uma indiferença na vida, e tudo me parece realmente muito cruel e mesquinho. A vida fingindo nos querer bem, e em um minuto de tempo tudo se perdendo.

O brinquedo, a fruta madura não saboreada, e os meus olhos de menino esperando o trem na estação.

E tantas fotografias, poesias e o desejo do dia após dia.
e a gente cantando acima da terra fria, dançando sobre os corpos decomposto gritando
VIVA! VIVA A VIDA!!!