Os amores
essa vontade de se fazer contra
A MORTE
a morte
Essa vizinha circundante e súbita, atenta e impetuosa.
Dia desses eu fui a um enterro...lugar lindo, passarinhos e
o observar das arvores
As gentes todas chorando num pesar. Que tristeza estar
sozinho. A gente precisa de tempo. Para tudo...e a criação do mundo se refaz.
Os nossos olhos brilhando gritando a vida. É preciso. E preciso. Eu olhei pra
eles assim e um calar as bocas. O sol se pondo numa tarde desconexa e verossímil.
Os caminhões parados e os gritos nas ruas. Um menino morto. Tantos meninos
mortos, eu conheci um bocado deles...uma
flor desabrochada. O tempo. E a gente envelhecendo no solo do quintal,
brincando de viver.
Agora na minha cabeça só lateja o presente. Um bocado de
vinho, os montes de cigarros e os companheiros desse número da avenida. Eu
devia ter dado mais, as orações a noite, os papai do céu obrigado por tudo. A
cruz no corpo, o meu cadáver sendo preparado para o sábado de aleluia. Ele não
sabe que seu dia é hoje. Um pingo. Coisa. Um ponto brilhante em meio o
infinito. Meus amores multiplicados no azul do céu. É dia de estrelas. Viva aos
Santos Reis. Minha coroa no topo da cabeça. Iluminando escuridões. Eu te amo Eu
te amo Eu te amo. O telefone chama tum tum tum, eu preciso falar contigo. Me
ame outra vez.
Aqui da casa
de Henriqueta as gatas gritam no cio todas as noites. Elas estão enlouquecidas.
Pulam telhado. Se esconde em boeiros. E mordem com seus caninos afiado e finos.
Henriqueta diz que ela esta assim como um gata. Eu digo pra ela : Henriquete tu
te orienta. Ai ela me diz que é tudo com proteção e tal e muito carinho. Nem
uns dentinhos na carne, nem uns tapinhas na cara. Ela diz égua maninho também não
sou de metal né? Sou bicho. Sou animal. Sou uma tigresa. AH... Henriqueta ainda
bem que tu sabes...ainda bem que nós sabemos. Ainda bem que a gente tem
consciência disso. Ah papaizinho , isso é cintilância me respondeu Henriqueta.
Garota esperta. Só o filé!
Acendi um
fino. Ah! Um fino. Fervilhando, eu tenho que escrever. Eu tenho que escrever.
Comunicação. Contato. Eu preciso dizer. E tu precisas escutar. Sabe quem eu
sou? Sabe quem? Meu fino apagou, acendi pra mim? Preciso tomar mais vinho.
Agora a cabeça ficou quente!!!! Contatos , contatos. Cuidado. Cuidado . Onipresença.
Onisciência. E tu. Não te apegues em nada. Células informacionais em todo o
universo. Tu tua pequena história. Tua breve vinda. Vida. Espera. Espera . Espera. Medita!
Agora eu
preciso de uma foda bem rápida. Tranquila. Um amorzinho de pica que entre e sai
dos orifícios. Um amor de putinha de vale nada da esquina e que doa todo o amor
inocente que carrega consigo. Uma putinha dos operários, dos vagabundos dos
becos da cidade, que precisam jorrar suas porras nas caras de tantas
ninfetinhas de pinto. Fazer engolir. E ter aquele desejo de usar uma putinha
como objeto. Abre as pernas . Chupa pica. Engole . Puta safadinha minha
putinha. Meu putinho. AH....AH.....AH... HOJE EU FUI MUITO FELIZ!!!
Eu Não sei o
porque se tem ganhado tanto dinheiro com as mídias de pornografia. Eu realmente
queria entender. Porque eu vejo um monte de gente fudendo entre si e não tenho
pagado nada por isso. Bobinho. Pelo menos não vejo ninguém enriquecendo. Aliás
as vezes esse negócio de bareback hadcore é de doer o pinto e o cú. Fica tudo assado. Tudo
dolorido. E me dizem que esse tipo de negócio realmente dá dinheiro. Vou
começar a filmar sexo e vê se isso rende alguma coisa.
Esses dias
todos eu fiquei entocado dentro de casa , parecendo um gato velho, esperando a
noite chegar para sair à rua. Foi o que fiz, e a lua estava linda e radiante no
céu. O vento na minha cara o mundo é só meu. Eu estudando sobre Osho, aquele
cara barbudo que fala sobre meditação, vida e morte, e realmente tenho pensado em suas colocações pertinentes sobre a existência.
Viva a vida tão totalmente, tão intensamente. Seja tão flamejante com ela, que
quando a morte vier, não existirá queixas, não existirá rancor. Você está
absolutamente pronto, pois viveu a vida tão totalmente. Você conheceu todos os
seus mistérios. A MORTE VIRÁ EXATAMENTE NO TEMPO CERTO.
Então eu
pensei, eu preciso administrar minha vida, eu preciso deixar a coroa brilhar,
eu preciso realmente me organizar, e materializar as coisas que estão no plano
das ideias. Eu comecei a escrever um monte de coisa...e em mim ressoava um
vento forte...um trem anunciando...eu não posso perder...não, não quero uma
outra estação. A vida não é algo que você possa seguir perdendo. Eu decidi
colocar um cocar de ARARAPIRANGA na cabeça. Hoje é dia de fogueira e sangue. A
vida. A vida não é miserável.
Eu tenho me
sentido pronto, mas realmente eu preciso definir algumas coisas. Bebida e
cigarro, e percebo manifestações de outra realidade bem próximas ao meu ouvido.
Certa noite eu tive a sensação de estar rodeado de gente de outro mundo. Não
tive medo. Eles não me querem mal. Um deles me orientava esteja aberto
suficientemente para usar a oportunidade de se transformar em algo imortal-
ARARAPIRANGA. Eterno. Alguma experiência a qual deixará, além do alcance da
morte. Me recordei das tantas escrituras. Signos. Imagens. O livro egípcio dos
mortos. Caminhos de luz e ouro. Compreendendo o meu hexagrama.
Deus precisa
ser rememorado. Faça a festa. Acenda uma vela. Deus precisa ser rememorado. E
ontem passando pela avenida dois putos me param oferecendo cocaína eu disse que
não estava afim. Olhos de demônios. Eu os conheço bem. Me ofereceram craque,
queres fumar um na lata comigo? Eu conheço bem tudo isso, e depois um gole de
cachaça, quarenta cigarros na madrugada e vinte picas entrando no orifício.
Minha cabeça latejou, eu os conheço de outras vidas, e não tenho medo nem
repugnância. Esse mundo precisa existir, eu preciso equilibra-lo. E o não
manifesto me disse pegue o trem...é hora de voltar pra casa. Você precisa
simplesmente estar um pouco mais consciente. Mas não é fácil. Harmonize-se. Não
é fácil. Teus pontos cardeais do corpo estão abertos, esse é o momento. É hora
de voltar pra casa.
Primeiro
comece lentamente. Passo a passo. A vida é uma oportunidade. A viagem, a flor
se abrindo, a bala perdida caindo em cima do meu corpo, as minhas coisas
espalhadas por tantas casas, eu dormindo aqui e ali. Comendo o arroz com
farinha, aproveitando as raspas na panela. A vida é linda, e generosa. Esse é o
tempo de retribuir. Vou pro quintal olho o céu, o sol está lindo. Agradeço os
passarinhos, aguo as plantas e deixo as formigas caminharem no meu corpo. Está
tudo lindo.
Me afasto de
algumas gentes, e percebo que a vida é um ciclo de mudanças e repetições. Eu um
monte de água querendo fluir no córrego. O peixe que desce e sobe. Eu não estou
perdido, eu não estou sozinho. E esse
amor aqui dentro do peito. Minha casa ficando arejada. Eu prefiro a penumbra,
mas nem por isso ela deixa de estar repleta de alegria e refinamento Existe um
amor aqui dentro, debaixo dos tapetes. Nas esquinas do banheiro, no incenso
pegando fogo. Nessa solitude. Tudo é tanto amor. Relva, o capim grosso
crescendo em frente as janelas. O feijão cozinhando com um pedaço de mocotó
alho e óleo. As jabuticabeiras mostrando os filhotes. Os meus olhos de menino
ainda brilhando. E brilhará ainda em meio a toda essa confusão de gentes e
planetas. Porque tudo é readequação, alinhamento, caos e cosmo. Os meus olhinhos
de menino, meu coração compassado na historia do tempo. Eu mito rito amor, e
nada mais abala, nem mesmo a morte porque eu também sou ela.
Uma amiga me
ligou, me perguntando se eu estava bem. É claro, depois de tudo que me
aconteceu, e olha que o ano ainda nem terminou. Mas não tem o que ter medo. Of
Course. Sabe eu estou indo para um lugar sagrado, dançar e cantar em cima dos
túmulos. Todos aqueles antepassados, tantas lutas, projetos, desejos de ser
melhor. De fazer um país mais digno, de ter acessibilidade as coisas. E tanta
gente alienada, pessoas que não sabem nada sobre si. Pessoas que não sabem que
a vida é um fazer politico e poético. Me visto de ARARAPIRANGA. É preciso estar
atento e forte. Fazer a marcha, fazer o mundo ouvir. Ai vem um monte de gente
dizendo que o Brasil está uma merda, um bando de facista que rouba o povo e se
diz revolucionário. Gente querendo tirar a presidenta do país. Gente burra
mesquinha. E vejo tantas conquistas, o pobre tem de um tudo. Eu sou o pobre que
tem computador em casa o celular moderno, e que vou fazer a quarta viagem
internacional. É preciso intercambiar. O mundo é um moinho e navegar é preciso.
O Haroldo se formando em Direito, e a Marta está mais bonita agora depois que
conseguiu a casa própria, ela diz todos os dias que nunca mais sentirá fome
outra vez. Eu fico rindo da Marta, porque me lembro da Scarlett Ohara comendo
as batatas da terra. E é realmente um momento de avanços de inserção no mundo.
De mostrar a cara do meu país. Isso aqui sou eu. Umas mangas caindo das
árvores, a chuva forte inundando as ruas da minha cidade, eu tomando o açaí com
peixe no mercado. E tem gente achando ruim a comida na mesa. A possibilidade de
falar outro idioma. Navegar é preciso. O meu país está tinindo. Tilintando. O
meu corpo pulsa. ARARAPIRANGA.
Esse programa
é o meu favorito, liga o rádio, escuta. Imagina. A tua historia secreta. Uma
trilha no fundo e tu narrando as tuas paisagens. Uma lâmpada de luz
incandescente brilhando forte e perdendo a energia. Esta caindo a energia toda
hora. Desliga esse chuveiro quente então. A mulher morreu eletrocutada no
banheiro no momento do banho. Ela escutava esse programa, 93,7. 93,7.93,7. E
não sei porque mais aquela vontade de comer umas batatas com azeite. O oraculo
havia me dito para ter cuidado com a boca. Como que intuitivamente estou a sete
dias sem me alimentar direito. Um pão, muito água. Ontem um suco de cupuaçu. Uma farinha com agua. Eu
rememorando tapuios e macuxis. Tamoios e Tupinambás comendo com a mão em um
passado que agora eu imagino. O programa continua. Eu um dia serei um contador
de histórias. E as pessoas vão encontrar nas cidades as palavras da minha
eternidade. ELE NÃO SABE QUE SEU DIA É HOJE. ARARAPIRANGA. Cocar na cabeça.
Esse é um belo programa. Essa é uma bela historia para as posteridades.