quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NATUREZA

As pessoas aparecem em nossas vidas
e desaparecem misteriosamente...
Eu me perguntei diversas vezes o porque de tudo isso
acordar, lavar os pratos na pia, calçar os tênis escovar os dentes
e de repente o Vicente não esta deitado ao meu lado na cama
o Italo cresceu e já tem pêlos no rosto
a flor desabrochou depois de tantos anos.

Outro dia eu recebi um telefonema da Licia. Iria fazer uma mudança para Israel, e lá iria morar os próximos quatro anos. Eu fiquei feliz, A Licia na terra do menino Jesus. Mas se eu não a visse nunca mais?

Eu aqui tão distante, e a Licia lá... e já fazem dez anos que não tenho noticias dela. E a sensção que eu tenho é de que ela é apenas memória. Um tempo perdido no passado. Alguém que parece ter vindo de um sonho. O meu sono profundo, e agora nada mais.

Aconteceu também diversos casos semelhantes a estes no decorrer da minha vida. Eu me lembro do Bruno, do Gilmar, da Tâmara com suas botas mecânicas, e as tardes de sol em meio ao gramado embaixo do pé de jamelão do quintal da escola.
Da dona Doida que brigava com as gentes atravessando a rua por nada. E do seu Ary que vendia pão na quitanda ao lado da vila em que meus avós moravam.

Em um dia eles estavam todos lá, olhando as paisagens, falando dos amigos e planejando seus sonhos mais prodigiosos para um futuro lindo a acontecer.
E de repente as folhas das arvores começam a cair. O dente do Levi cresce na boca, e os mamilos de Lucinda ficam mais proeminentes feito duas pêras bem maduras, prontas para morder.

O vovô morre depois da tigela de açai, e quando retorno a casa dele, nem mesmo o seu maço de cigarro vagabundo eu encontro na comôda do quarto. E dias se passam até o cheiro desaparecer.

Assim da noite para o dia, na solidão da madrugada, no silencio da paisagem tudo acaba, e é como uma viagem sem volta.
Os dias jogado na rua procurando dar algum sentido a vida. A vida pulsando, cheio de sexo , saliva e suor.
A masturbação de todas as noites impelindo os nocautes de todos os dias  de uma morte lenta. O semên espirrado nas entranhas de uma fêmea lutando pela vida.  O sangue latejando na veia.
E tantos amores que passaram pelos meus olhares me impedindo de morrer mais uma vez.

Pra que tudo isso, as filas de banco, os horários dos ônibus
e o filé especial ao molho de manjericão nas tarde de domingo, se Edgar não poderá mais confraternizar conosco os baseados e as dezenas de taças de vinho e cerveja nas festas da casa de Marta.

E tudo vai ficando mais estranho, e também mais sombrio, As paredes umidecidas da casa. O sol latejando na cabeça, e o passo cansado até chegar no trabalho.

Eu sinto um aperto doloroso, uma indiferença na vida, e tudo me parece realmente muito cruel e mesquinho. A vida fingindo nos querer bem, e em um minuto de tempo tudo se perdendo.

O brinquedo, a fruta madura não saboreada, e os meus olhos de menino esperando o trem na estação.

E tantas fotografias, poesias e o desejo do dia após dia.
e a gente cantando acima da terra fria, dançando sobre os corpos decomposto gritando
VIVA! VIVA A VIDA!!!

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