quarta-feira, 31 de agosto de 2011

palito de fósforo

O abrir os olhos
Luzes que se ascendem
Meu corpo liquido indo para o ralo
meu corpo lama e céu.

Os pensamentos daqui
o de agora
e de um outro tempo

AQUELE
o do incognito...
o do não sei o que
que me fez
que me faz

O do aqui e do agora

E ele O CORPO
e s v a i n d o s e

O fechar dos olhos.

As luzes que se apagam

Noite silenciosa

Meu CORPO céu e lama.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

pensamentos em caixa de fosfóro

borrado...dias dublados...filmes nublados,de volta ao mundo da lua...
seis dedos de medida de terra ...três dezenas de palmas de mão sobre a terra.
Meu esconderijo,minha ultima casa, eu de volta a tudo sobre camadas.
Sem respiração, sem força, e os grãos de terra invadindo os meu orificios...
os buracos do meu corpo...
corpoqueincha e estouracomobalões carregadosdeagua...
PLOFT...
e os vermes se fartando de tanta luxuria
sifilis,gonorréia,cancro-mole - o conhecido couve-flor...o verrugão...e as tuas partes intimas coçam,e por dentro tu sentes pontadas...
vermes...nossocorpoadubo
reduzido...ao...nada.
e os meus olhos ,os meus musculos...
carne podre no lixo.
e eu só pensava em dias borrados...
fui apagado pelo esquecimento de todos os mortos-vivos...
esse é o sonho...
o meu pesadelo...aniquilamento...desaparecimento....estrela que cai sem ninguém a ver...se perde...e se apaga...para sempre...


domingo, 5 de junho de 2011

À luz das velas: causos da cidade da floresta

Matinta Perera

Em Belém, lá na Amazônia, existe a história de uma velha que sai de porta em porta de manhã bem cedo, recolhendo sacos de tabaco nas portas das casas, ou chamando a moradora pedindo-lhe para tomar café. Eu conheci várias delas, eu mesmo as vi... Certa noite, na casa de dona Birica, escutou-se por cima do telhado da casa, um grunhido de pássaro que parecia rasgar os ouvidos, de tão alto.

– Viva os noivos! – grita a velha. E no outro dia pela manhã bem cedo, dona Guajarina grita:

– Ó vizinha, o´Birica... tá um cheirinho de café gostoso – Birica desconfiava há tempos que a velha Guajarina fosse a tal falada Matinta Perera. E por isso mesmo serviu o café quentinho.

– Estar em dia com nossas obrigações é importante pro juízo.

– Tens razão, mana

– E tu sabes muito bem, né mana, que comigo está tudo bem.

As duas continuavam a conversar. Acabou-se o café, e dona Guajarina foi pra casa. Birica continuou em casa, lavou muitas roupas, a maioria delas branca. Torceu e colocou-as pra secar no quintal abafado e úmido.

– As casas de madeira são as melhores, qualquer problema, infiltração é só tirar a tábua colocar outra. Alvenaria não – E no decorrer do pensamento um rasgo...

RASGA – MORTALHA.

MATINTA PERERA.

A VELHA AVE VELHA.

VELHA AVE. RASGO.

DOR NO PEITO. FURO.

O ENCANTAMENTO:

– VIVA... AOS...

DOIA O PEITO.

AGOURO.

MALDITA AVE.

Birica pensou no café. No tabaco.

Porque se perdeu no pensamento? Se deixou levar pelas inutilidades das coisas?

A casa. A madeira. No exato momento do grito!

E estava tudo nos conformes, nas obrigações.

A DOR. TOSSE. ROUPAS VERMELHAS.

Birica sem ar...

– Agourenta. Ave maldita!

BIRICA NO CHÃO.

A BOCA DE SANGUE SEM AR.

– Agourenta. Ave maldita!

MATINTA...

MATINTA PERERA.

pensamentos em caixa de fosfóro

levantar...
cair,
antes mesmo do tropeço...o chão...
cair,se levantar e depois cair e levantar...
o chão a cara os ossos minha pele arranhada....batidas no chão...

a caida de bicicleta...o jambeiro...os patins...
levar uns cascudos...umas chineladas ...uns puxões de orelha era tão comum era tão faz parte...
e agora o medo do chão...e de tudo ...do espatifamento feito goiaba madura no chão...
as coisas caem nas horas certas...

caligula caiu,os otomanos ,os egipcios,os babilonicos e tantas tantas quedas o muro de berlim...a muralha da china não...
o que não cai se deteriora...

cair se levantar levar uns arranhões...

cair se levantar levantar cair...
a minha internet,a ligação interrompida no meio dos eu te amos e doçurinhas...

o que não cai se deteriora,foi por isso que na manhã de uma quinta -feira ela se jogou da janela do quinto andar...

o que nao cai precisa cair...


terça-feira, 31 de maio de 2011

pensamentos em caixa de fosfóro

eu o aqui de fora...a barba feita...a sombracelha definida...a boca magenta...a face branca ...cândido alvo sereno e sensatez...

o aqui de dentro o orgão as pregas os pêlos da glote...a ulcera...este que em mim é tão rubro tão pulsante carne e instabilidade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011