terça-feira, 25 de novembro de 2014

Lampada eletrica

Quando eu resolvi contar as gentes sobre a criacao e a destruicao do mundo, no ceu um raio relampiou no fim da tarde, relembrando o amanhecer no norte do Brasil. E as gotas geladas de la de cima caiam sobre o terreno fertil da minha cabeca.
As pessoas escondidas debaixo das lonas de plastico, dentro dos carros e dos supermercados vinte e quatro horas. Eu achando tudo aquilo tao bonito, as pessoas reunidas diante de um temporal.
O fogo nas barracas de cachorro-quente. A brandura quente do cafè com leite. As milhares de gotas por segundo caindo sobre o asfalto seco. Poeira. Choro. Suor.
A cidade. Uma unica estrela acima, marcada solitariamente na bandeira nacional.
ELE NAO SABE QUE SEU DIA E HOJE.
Os rostos platinados com a cintilancia de um vermelho  indicando aquele lugar, abaixo da linha do Equador. Eu so vim aqui por que fui chamado. Hipnos.Hipnos.Hipnos.Hipnos. E o tudo todo guardado em uma caixa. Lapso de poesia no tempo.
Nas montanhas essa lingua estrangeira ressoando uma existencia nao esquecida. Viva, muito viva. Bele, bela muito beautiful. Eu vivo. Muito vivo.
Correndo no viaduto contra os caminhoes e as pocas de agua. Correr. Esperar. Sentar. Os pes encharcados. O regresso à casa, o pao com ovo quente na frigideira. Eu brincando de querer todas as coisas da vida. Eu um tantao de coisas. A tartaruga na bacia de lavar roupas. O passaro negro em cima do muro. O cachorro lambendo os meus pes.
Quem esta aqui?
O espelho. Eu a cara mais envelhecida do que ha dois dias atras. Aquele olhar que nao se perdeu no tempo. O desejo de acampar no quintal com os irmaos. As surras da mae que depois acariciava a pele irritada pelos tapas. O iogurte aberto na loja de laticinios. O dedo torcido. A mae banhando o menino naqueles dias de calor, abanando-o contra os carapanas. Eu dizendo ao melhor amigo, ate os trinta conheco toda a America Latina. Imaginando as varias vidas. Um por do sol diferente do outro. Em algum lugar da America. Eu um brilho de estrelas faiscando acima das nuvens.
A chuva cessando. A noite fria me convidando a calar a boca. Tres cigarros. Um pe depois do outro.
Amanha e outro dia. Amanha e outro dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário