agora tu não tens mais tempo para a poesia
me disse o menino do de dentro de mim.
As tuas horas se passaram
e tudo se encobre de pêlos.
A tua mascara debochada
cadela noite, lua cheia
tantas falas e tu te inseres nisso tudo.
E me vinha na cabeça a praticidade do tempo
a brincadeira do menino
em ter tempo ocioso
e ler revistas contemplar a natureza
e pensar mundos possíveis.
E tantas pessoas morrem quando te ocupas
de objetos e outras inutilidades
a vida um pulsar passageiro
de minusculas células
a explodirem e rapidamente apagarem
do aqui debaixo
os milhões de anos vividos
coisa perdida
e modificada no espaço
E me vejo mais uma vez frente ao espelho
vigiando olhos cabelo
rugas e sinais da pele desgastada dos tempos
Precisas ganhar teu dinheiro
tua comida
escova teus dentes
me dizia alguma imagem disciplinadora
construir cidades templos muros e girassóis
tua luz inflama
e brilhas em outras galaxias
o sol indiscriminadamente iluminando tantos mundos
Escreve
o teu menino cochila.
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